piscar de ano

Ela acordou mais do que o normal e sozinha,

Era por opção, por costume e por adorar essa sensação.

Acordou e já encheu o dia de sorrisos, compartilhou com o espelho só pra poder multiplicar o brilho do ambiente que já era todo dela.  Das preguiças da vida, ela deixava conversando com seu travesseiro macio. Isso significa que também deixava alguns nomes, que não tinha vergonha de sonhar, como nunca houve problemas em se esquecer.  Amava café e também adorava o perfume que ele aplicava pelo ambiente durante a manhã.

Tinha prometido que levaria poucas coisas na mala, mas não significa que teria organizado na noite anterior. Juntou o que mais gostava para o final de semana, pois a semana seria corrida, portanto não adianta tentar sabotar as vontades do futuro, teria de voltar pra casa. Tinha um hábito maravilhoso de sorrir enquanto conversava sozinha. Ou falava tão rápido ás vezes que talvez estivesse em dois tempos. No passado e no futuro. Mas indiscutivelmente a parte mais bonita era aquela em que ela gargalhava sozinha. Até confortava.

Por isso era tão estar perto dela. Era do tipo de pessoa que às vezes tá fazendo massagem na nossa alma, pelo simples fato de ficar com a cabeça encostada no nosso ombro. O tipo de pessoa que era bom ter dentro do abraço. Pelo maior tempo possível. A gente se apaixona naturalmente, fica meio embebedado, com toda aquela forma leve que ela tinha de levar a vida. Naturalmente vai tendo vontade de ter ficar assistindo só pra não atrapalhar. Fica tudo mais colorido.

Tinha traçado poucas coisas das quais tinha encarado naquele ano. Mas se portou muito bem perante todas elas. O que parecia que só a deixava mais forte. Ou mais bonita. O batom escuro que contrastava com a pele clara. Além de emoldurarem muito bem o sorriso. Encurtava os olhos enquanto bebia e flutuava muito bem sobre os assuntos, era o centro de atenção do triangulo que papeava. Pelos apertados abraços tinha deixado saudades quando passou.  Fantasiei.

Ela chorou timidamente com a sequência de explosões que harmonizavam dentro dela, fogos e champanhe. Atirava sorrisos envergonhados aos olhos que a cercava, não secou as lágrimas. Continuava linda. Conversou com a lua, pediu proteção e desculpas, aos outros e a si mesma. Mal abria os lábios. Quase que em forma de oração eu assisti o primeiro sorriso que ela deu pra si mesma naquele ano.  Não cobriu as feridas, daquele e de outros anos, mas nunca esteve tão preparada para aquele próximo. Era notável pela simples gratidão nos agradecimentos.

Cobriu os erros com aprendizagens, deu mais um gole e iniciou uma distribuição incontável de abraços momentâneos ou talvez eternos. Cantarolou enquanto brindava e desfilou pelos cantos daquela praia. Passo muito firme e bastante confiante. Talvez até mesmo pegando impulsos.

Pois não sei até agora se ela sumiu ou voou, num piscar de olhos. Um piscar de amores. Talvez por opção, por costume ou por adorar essa sensação.

Acompanhada pelo fato de saber que nunca esta sozinha.

Feliz Ano.

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autor_jorge

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