que um dia, volte a brilhar …

Como sempre atrasada, é claro que não seria diferente naquela noite. Sexta de férias, mais um dia pra cumprir a rotina deliciosa de sair pra jantar e depois encontrar os amigos na companhia de quem tanto gostava. Mas mesmo sendo rotina, estava atrasada. E o quarto era uma desordem, as roupas sobre a cama, o que antes era por ordem de cores, hoje era por valores, as mais caras estavam lá emaranhadas nas cobertas cor de rosa. É, as coisas mudaram.

Tudo se ajeitando, maquiagem no caminho certo, tudo na tranqüilidade a música country que toca sem ser chamada, mas tudo bem, iTunes aberto é isso mesmo, toca tudo que tem, e nem sempre na ordem que a gente quer. Música é um negócio engraçado, ela toca quando quer, ou quando pedimos, mas tem vezes que parecem realmente um trilha sonora na vida, elas tocam pois são perfeitas para aquilo que vai acontecer, exatamente naquele momento.

Pra que arrumar as coisas? Não tem importância, deixa tudo ai por cima, na volta ou jogo tudo no chão ou me deito com essas coisas ai mesmo. Não importa, vou deixar virado, alguém vem e arruma ou então que fique com esta. O problema é que às vezes pode ficar tanto tempo amarrotado que depois não desenruga mais não é ? Ah não, tudo tem solução, nada muda com o tempo que não possa voltar. Estamos falando de roupas não de pessoas.

Só faltam os brincos. Mexe na caixa e encontra um antigo, pelo qual ainda tinha um certo apreço. Desiste, não acha seu par, deixa de canto e separa outro par. Coloca e fica linda. Sorriso lindo sempre estampado no rosto e vinte minutos atrasada para descer. Que a noite comece e seja proveitosa e tão bela quanto as outras que vem vivendo agora. É uma vida nova. É uma vida boa.

O sábado amanhece, as roupas no chão a caixa aberta, a cabeça lateja levemente, um pequeno enjoo, maldita seja aquela azeitona. Mas tudo bem, deitada ainda olha para o criado mudo, tem um brinco apenas, que tinha deixado jogado na noite passada por falta de par. Onde ele estará? Em breve eu acho. Só sabe que aquele brinco caia bem, mas ele deve estar bem onde quer que esteja. Pérolas são resistentes e nunca perdem seu valor. Nunca.

Pode ser que um dia ache, numa arrumação sem pretensão, numa pesquisa, numa limpa, num pente fino, em um churrasco, em um jantar, em um banho, em um carro, em uma noite ou em um dia. Mas não, ela sabe que isso não é pra ser guardado assim, sem o devido cuidado, ou sem seu devido par. Mexeram nas coisas e deixaram desorganizadas, pode até ter seguido como se não tivesse acontecido. Mas aquele sorriso sincero, pode ter ficado com o par daquele brinco. Quem sabe um dia ele volte a brilhar. Não o brinco, mas aquele sorriso antigo.

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Quarto 72

Ele tão seguro de seus atos, acreditava que aquela noite seria mais uma noite como todas as outras. Primeiro se livrou do terno, desarrumou seu cabelo, e então começou a desalinhar sua gravata. Estava ofegante, ansioso. Parecia que esperava por aquilo por muito tempo, e simplesmente não sabia a que certamente se referia. Seus olhos pareciam buscar algo, ou alguém. Já com a camisa aberta, ele corre para a cozinha, pega sua sagrada e inseparável garrafa de cerveja, abre enquanto volta para seu sofá onde seu computador o aguarda. É noite de sexta, todos os seus amigos já não estão mais online. Essa vida nova parece ter lhe tirado algo além da sua conta no vermelho, tirará também a sua tão amada vida social.
O celular vibra, o coração acelera. Poder ser ela, pode ser ele, pode ser simplesmente alguém. O importante é que lembraram que ele existe. Era simplesmente uma mensagem, parecia ser direta, mas não era. “Não fica mal cara, tamo junto, qualquer coisa me liga”. Era de Yuri, um de seus melhores amigos, afinal a vida de terno e gravata ainda não tinha lhe tirado os bons amigos. Ficou sem entender, e voltou para o computador. Abriu sua pagina que ainda tinha na rede social. Abriu e entendeu a mensagem que lhe foi enviada. Ela tinha superado, ela tinha entendido que tudo aquilo havia acabado, ela estava com outro, e oficialmente.

Tinha que ser forte, ele ainda alimentava aquela ilusão de que um dia os erros seriam perdoados, que uma nova oportunidade poderia surgir, ele ainda acreditava que eles poderiam voltar. Era simples, a vida dela continuará a vida como havia dito que continuaria. Ela definitivamente o acordou daquele sono fantasioso, com aquele status. As cinco palavras que pareciam não ter fim. “..está em um relacionamento sério.”
Um misto de vontade parece flamejar na sua garganta, ele simplesmente ri. É a única coisa que não é sincera, de todo aqueles seus sentimentos, o riso. A vontade vem debaixo, começa com a vontade de gritar, e vem subindo rápido, conforme vem subindo passa por seu órgãos vai se tornando uma tristeza sem fim, parece que enquanto aquela vontade pelo seu coração, o mesmo se perde em um buraco sem fim, um buraco sem volta, parece que o coração se perde. A vontade não para de subir, e aquele grito libertador, que agora é acompanhado por uma tristeza enorme, chega a cabeça, e se torna raiva, a expressão que a pouco tempo era um riso amarelo, agora se torna um expressão fechada, séria. O punho se fecha, a sua vontade é de acertar um pelo cruzado de esquerda na tela do computador, mas o seu lado racional ainda deixa claro que isso não é o mais correto. Sobra pra pobre garrafa de cerveja que ainda esta na metade, sobra pra ela, e pro tapete felpudo que enfeita a sala. A garrafa explode no chão e seus pequenos vidrinhos, representam bem o coração, está em cacos.

Mesmo com a expressão de raiva ainda tomando seu rosto, é impossível deixar de reparar que uma lagrima escorre do canto de seu olho esquerdo, é uma lagrima sincera, extremamente pura. É uma lagrima de saudade. Corre para o quarto, em meio agora as lágrimas que escorrem dos seus dois olhos, que agora ainda ardem em raiva ele abre sua segunda gaveta, tira rápido as roupas que estão lá guardadas, e puxa um recado, ou um texto. Escrito ainda na folha de caderno, com desenhos em cor de rosa, enfeitando a folha, ele começa a ler em voz alta:

“Desculpa, acho que me atrapalhei sozinha, acho que confundi as coisas…” mas logo para, sua voz esta embargada demais. Apenas lê, e imagina então a voz dela, lendo o texto pra ele. “Desculpa, acho que me atrapalhei sozinha, acho que confundi as coisas quando acredite que conseguiríamos ser mais que amigos.Quero que você seja só meu, mas não queria te dar o que você pede. Não sei se estou pronta, para ser mais que sua amiga, mas sei que não estou pronta hoje pra perder a sua amizade. É um medo enorme, que vem mesclado com curiosidade, você é cada dia mais apaixonante, mas só queria que entendesse o meu lado, queria ser o que você tanto quer, mas tenho medo de não conseguir, e assim acabar te perder duas vezes. Desculpe, Aline.” Agora o choro não lavava mais a raiva, e sim um sorriso amarelo, de quem estava feliz por dentro.
Acabará de ler uma carta que ela o escreverá quando ainda estavam tentando começar, algo. Ele havia tentado avançar a amizade, ela recuou. Depois correu atrás, e não quis perder, ele viu naquela carta algo que tanto buscou. Sabia que por trás daquelas palavras, escrita com uma caneta azul estava alguém que sentia algo sincero por ele. E ele nunca havia sentido isso antes. Foram dois anos muito bem vividos, e pareciam que tinham terminado. Ou melhor, não pareciam, haviam realmente terminado.
Levantou-se meio motivado e meio entristecido, limpou suas lagrimas com a gravata que estava jogada no sofá, foi até seu computador e colocou uma música, no volume máximo que aquele micro poderia suportar, e começou a recolher os cacos que estavam espalhados pelo chão. Estava se recompondo, aos poucos, mas estava.

Cantava alto, como se a musica desse a sensação de liberdade, e a cada caco que recolhia, era como se juntasse um pedaço de si. A vida tinha continuado, ele havia crescido, ela também, ela se tornou feliz e ele agora tinha de se tornar, e não deixar se abater por cada dificuldade que a vida colocava a sua frente. Não foram apenas de momentos ruins que viveram, mas os ruins realmente foram difíceis, a grande maioria do tempo que passará na dúvida. Como toda vez em que ela hesitava o responder um te amo. Ou todas as piadas em que não tinha um sorriso como resposta, não foram anos tão fáceis. Ele aprendeu a ter limite, é verdade, mas ela também aprendeu um pouco que o mundo tinha de ser um pouco mais colorido.

A música termina, e então um alerta vem junto com o final da musica, alguém estava chamando no bate-papo. Era Raquel, perguntando qual seria a programação para aquela sexta, que agora já era quase uma madrugada de sábado chuvoso. Ele respondeu que não sabia, ela apenas sorriu. Ela disse que estava de saída, ele perguntou pra onde, para o sofá respondeu. Ele então ofereceu um filme, nada muito meloso, nem nada muito trash, algo que pudesse ser visto enquanto comiam uma pizza e saboreava um bom vinho, ela disse que era uma boa opção. Ele sorriu, te espero aqui então. Levo o vinho ela respondeu, vou me arrumar então. Ela saiu, ele também. Enquanto corria para o banho, mandou uma mensagem para Renata. “Te vejo amanhã?” Nem bem entrou no banho, recebeu uma mensagem de resposta: “Pode ser, aonde e que horas?”, “Aqui no flat,  quarto 72, umas 21:30, um fondue, um filme e um vinho que tal?”. Foi então se arrumar, e quando o interfone da recepção tocou informando que Raquel estava lá embaixo, ele lia a resposta. “Por mim tudo bem, mas se ficar muito tarde acho que não vou ter como voltar =/”.

Ele sorriu, não respondeu, apagou a mensagem, dirigiu-se até a porta do seu flat, e respondeu para Yuri. Recebeu Raquel com um selinho, um sorriso malicioso e um ar sedutor.

Enquanto isso, em alguma balada, o celular de Yuri vibrava e recebia uma mensagem:
“Por maior que seja a minha dor, ninguém tem que ser maior que meu sorriso. E não esqueça cara, malandro não para, malandro dá um tempo brother, tamo junto”

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A etiqueta da caixa azul…

Muito bem, muito bem, por onde eu posso começar? Hmmm, vamos lá, primeiro que vou tirar isso aqui de cima da minha cama, acho nada mais irritante do que essas coisas que atrapalham  meu sono sabe? Particularmente me incomodam demais. E normalmente essas coisas são pequenas, mas sempre ficam apertando nos lugares que me machucam, as vezes são apenas pontadas rápidas,  outras vezes elas doem mais, tiram meu sono, atrapalham minha noite, dependendo da onde ferem, as vezes eu mal consigo dormir. Feito, minha cama está limpa, já posso me deitar. E toda essa tralha eu vou colocar aqui nessa sacola amarela com a letra “P”.

Deixa me ver, o que isso que ta brilhando aqui no chão? Ahhhhh, que coisinha mais linda, eu pensei que isso tivesse sumido, nossa pensei que tivesse perdido esse brilho num tempo atrás, que beleza ver que ele ainda esta aqui, dá uma sensação de alívio enorme.  Tá meio empoeirado, mas ainda está ai é verdade. Tentaram e muito apagar essa luz, e tentaram de todas as formas, e confesso que quase conseguiram. Umas ou outras foram mais eficientes na sua missão, mas vou te dizer, que no fundo eu sabia que essa bateria não tinha acabado e esse meu brilho não tinha se apagado.  Essa caixinha com a letra “A” cabe você certinho, vou te guardar aqui. Vou saber onde eu te encontrar toda vez que precisar dessa luz.

Olha isso aqui, meu Deus. Olha esse meu cabelo. Olha se não é o Zé aqui todo errado na foto. Olha aqui a Maria pulando na piscina. Nossa essa é a Paulinha? Deus do céu, como ela emagreceu, ta parecendo uma baleia nessa foto. Olha só tem tanta gente que me fez bem nessa foto que eu to sorrindo e chorando ao mesmo tempo, deve ser saudade. Mas tem esse povo que não me fez tão bem assim, alias, não fez na época, hoje eu sei que eles tiveram uma importância na minha vida, mal eles sabem, talvez se não fossem eles, eu não estaria vivendo tão feliz agora, me amadureceram com seus erros, ou com os erros que eu mesmo vos fiz. Vou até colocar um “S” de saudade nesse porta retrato.

Vou aproveitar essa organização toda, pra fazer uma limpa nas minhas gavetas também. Poxa, poxa que poxa. Olha só se não é aquela carta que ela me escreveu, me deixa dar uma lida nisso aqui. (Pausa dramática). É fofo ler isso hoje, poxa foi bacana essa fase, sabe, meio ingênuo meio se achando o maduro, parece que foi ontem. E quer saber de uma coisa? Foi. Eu tenho tanta vida pra viver que esse tempo que pareceu uma vida, vai se perder logo, logo. Não vou dizer que não valeu de nada, eu vou estar enganando quem? Poxa, foi uma fase da minha vida na qual eu aprendi muita coisa, no final eu aprendi a deixar de ser trouxa é verdade. Mas eu aprendi. Mas é assim mesmo, nessa idade a gente ama, e ama tanto que sofre, sofre e cria uma dor tão grande, tão insuportável, que de tão dolorida ela mesmo cria sua imunidade. Uma saudade do que vivi, não do que passei. “S” de sucesso e de saúde, pra você.

Medalhas, medalhas, medalhas. Meu Deus, se a Confederação Olímpica Brasileira tirasse 10 minutos para olhas minhas medalhas eu diria que eu seria um Iron Man no Rio 2016. Disputava um interclasses como ninguém viu? Era uma época tão foda, sério, memórias e lembranças. Cada medalhinha tem o seu valor, sua historia, sua briga entre as classes. Ou então o seu churrasco dedicado a suas respectivas conquistas. Bom na verdade, e todo churrasco o Caio tentava ficar com alguma menina. Tentava como poucos aquele menino. Pegar que é bom…. “A” para as medalhas, a festa, a idade, a escola, a época que não volta.

Pra que chorar, me diz. Pra que mudar? To todo emocionado aqui mexendo nas minhas gavetas, ou nas gavetas dos outros. Mas as coisas boas sempre vão ficar. Por exemplo, esse anel. É como se todas as coisas eu tivesse vivido com ele, estivessem gravados. E sério foi muita coisa, aquela volta na praia, aquela corrida achando que ia ser assaltado, aquela noite que a noite parecia brilha pra mim, e aquela noite que foi toda escura. Acho que tudo ficou meio que gravado aqui, e acho que ficaram mesmo. Deixa o que vai ficar na memória que a memória cuide. Isso aqui eu vou deixar guardado, vou deixar bem deixado. Como diria Lulu Santos, não imagine que te queiro mal. Apenas não te quero mais, não te quero mais aqui, visível demais para a minha alegria. Quantas coisas pra um dia só…Praticamente o dia “D”. Ta aí, a letra da caixinha do anel: “D”

Ó lá, pra acabar hein. To sentado e com uma caixinha de música aberta, enquanto a bailarina gira nas suas voltas eternas, eu quero apenas mentalizar coisas boas, a música que ela solta é agradável e é apenas ela cantando, e eu respirando. São os únicos sons aqui nesse quarto, e quero fazer um pedido, quase uma oração. Sabe você, que me desejou um mal, que desejou o meu fim ou que simplesmente me quis pra baixo, pois é meu lindo, eu to bem, bem não, eu to excelente. Eu realmente nunca acreditei nesses papinhos clichês, mas tenho que assumir que quanto mais você deseja meu mal, mas eu me sinto maior. Enquanto eu quero mais que você viva e seja feliz do seu jeito, e se possível longe de mim, você só quer mais é me derrubar, quero te dizer que a vida não é uma novela, você não vai conseguir, o máximo dos máximos é me atrasar por alguns dias, mas você nunca vai ter a minha vida. Então eu peço que todo esse olho gordo que você colocou na minha vida esteja entrando nessa caixa que eu estou fechando agora, e que ele não saia daqui, vai ficar guardado pra eu saber aonde esta toda essa bobeira. Ó acabei. E vou fechar com o que você significa pra mim, um zero, mas como todas as outras foram em letras. Guardo nessa caixinha de música um “O”.

Enquanto isso, minha caixa azul ta cheia de coisas, lembranças, lágrimas, risos, tristezas, acertos, erros, alegrias e tudo mais. Eu poderia deixar isso separado em poucas partes, mas acho que vida eu nunca vou conseguir definir, só se sei lá baixar em algum Chico e voltar pra trocar uma idéia com os mortais um outro dia. Hoje eu tenho que deixar claro o que é isso que eu to começando, isso sim é VIDA. Vida nova, vida linda. Que eu vou coroar todos que me cercam com minha alegria, e vou ser uma pessoa feliz como eu sempre fui. Pra você caixa azul, a minha etiqueta vai ser bem clara e direta. Composta de cada letra que nomina cada  item dentro desse cubo celeste.

P-A-S-S-A-D-O. Você esta guardado, trancado e não vai me incomodar mais.

Sei que eu to um pouco adiantado, mas eu precisava dizer isso.

Feliz ano novo. Ano novo, vida nova.

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e pra beber ?

Ahhh.
Garçon, fecha aqui pra mim, por favor?
Nós já vamos?
Nós não, eu vou.
E eu fico aonde?
Sei lá, fica aqui, vai pra sua casa, se vira. Você sempre se vira tão bem. Porra, que estúpida.
Estúpida não, cansada.
Poxa, vamos relaxar então…
E você me cansa.
Afiada hoje.
Não, talvez só decidida.
Ui. Agora para de ser boba e vamos pra minha casa…
Acho que eu não fui clara não é? Meus olhos, já cansaram de enxergar a tua mesmice.
Ontem você não disse isso.
Eu gosto de sexo, você não?
Então você me usou?
Ué e você nunca? Aliás alguma vez, você veio me procurar sem a intenção de me usar?
Tá louca?
Responde.
Você não é um objeto.
RESPONDE.
Claro que não.
E ainda mente.
Como ?!?
Para de mentir pra você, vai que numa dessa você acredita.
Masoquê?!?
Me liga na quinta, me escreve na sexta, conversamos a noite, saímos no sábado e você me liga só 2 semanas depois, isso não é usar?
Eu não penso só nisso…
Claro que não, é legal sair com uma garota bonita algumas vezes de mão dada no shopping. Bom pro seu ego, sua popularidade e pra sua fama.
Ta se achando…
Tô mentindo?
Não sabia que por dentro você era assim…
E quando você olhou pra mim e buscou enxergar dentro?
Quer atenção agora, é isso?
Não, quero distância.
Resolveu dar show?
Não, vim te avisar.
Você ainda vai me ligar.
Eu não ligo, por mais que eu tenha vontade. Você sempre me procura primeiro.
Alguém precisa te avisar que você não é tudo isso.
Eu posso até não ser pra ti, para aquele rapaz de branco ali na mesa de trás talvez eu ainda seja, agora eu só queria uma coisa que você não me deixa.
E quer o quê agora então?
Quero que você seja feliz.
Como assim?
Se cuide e seja feliz. Eu n.. Seu perfume é bom, sério não mude. Seu sexo é ótimo, mas tenho que confessar que não é o melhor.
E pra que dizer isso assim?
Doeu?
Um pouco.
A verdade dói né?
Vou ao banheiro.
Vai fugir.
Não vou.
Sempre foge, não sabe o que responder. Tem que sair…
Já volto.

….

Garçon.
Sim.
Me serve outra dose dessa de coragem, e o telefone do taxi.
Deixa aqui pra ele um copo de saudade com duas pedras de gelo, por favor

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Não quero lembrar…

O que foi isso? Eu quero lembrar, ou simplesmente tentar entender. Eu juro que quando saí de casa, lembro de estar me vestindo rápido, e de ter guardado as coisas nos bolsos da calça.
Lembro até de ter deixado cair minha CNH, sei lá. Eu tinha tanto tempo pra mim, e parecia que eu queria viver tudo aquilo logo, queria viver algo que eu não fazia a menor idéia do que seria. Eu só sabia que seria ótimo.

É verdade, eu não tinha a menor noção do que seria, do quão bom a minha noite seria, enquanto o meu carro engasgava para sair da garagem, e alguma música da década de 80 tocava em volume gritante das caixas de som, eu não tinha certeza do que eu fazia. Eu não tinha certeza da nem da letra da música que eu cantava. A única certeza que eu carregava comigo, era de que eu finalmente estava indo encontrar algo que queria ter visto há tanto tempo. Mas o acaso não deixava.

Meu Deus, minhas mãos tremiam, sentia uma gota de suor descer pelas minhas costas, eu estava a 28 minutos adiantados, já havia avistado uma vaga, saberia que chegaria antes, e mesmo assim eu estava com medo de me atrasar. Eu estava tão feliz que não podia deixar de aproveitar nem um pedaço daquilo, por que aquilo poderia durar pouco, mas eu precisava muito daqueles minutos, eu precisava muito daquela noite, eu precisava muito dela.

Até ai eu lembro, mas sei lá, agora vem um clarão, não me lembro exatamente das coisas que foram vistas, mas as palavras daquela noite ainda martelam a minha mente. Eu estou incrivelmente feliz por isso. Não consigo me lembrar das imagens, mas eu escuto brincadeiras, escuto gargalhadas, escuto “eu”, dizendo para “mim”: Aproveita cara, você está absurdamente feliz, e você não se via assim há tempos.

Confundo com algumas coisas desconexas, minha roupa tem um cheiro de mato, planta ou algum tipo de alface, e não sei por qual motivo, minha cabeça insiste e ecoar grilos, por Deus, que animais mais insistentes. Eles não saem da minha cabeça por nada, parecem com você.

Se eu pudesse me lembrar de algumas coisas a mais, eu poderia ficar feliz, ou poderia ficar triste não sei. Só sei que eu gosto do que eu lembro, gosto de estar apagando o que passou, gosto da idéia de que eu o mundo esta me dando uma segunda chance, de que eu estou te dando uma segunda chance.  Gosto muito da idéia de que você esta aqui. Mesmo que eu não saiba até quando, e mesmo não sabendo exatamente o que foi aquilo, eu gosto daquilo.

Minha cabeça dói, divide espaço com memórias embaçadas, com lembranças felizes, e eu não consigo fixar o que era. Quer saber de uma coisa, vou voltar a deitar, vou aproveitar que você ainda esta deitada aqui e que eu possa te abraçar, pode ser que jájá você queira levantar e ir embora. Mas se eu me lembro de uma coisa muito, e sei que não é uma coisa que eu pensei apenas ontem, sei que eu já pensei muito, que já até me irritei por ter pensado, mas não me arrependo disso, é que eu gostaria que você ficasse.

To até com medo de me beliscar, vai que eu acordo e você não está mais.

Durma bem =)

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Tchau, inverno.

É como se eu soubesse que não posso te tocar amanhã, é triste, muito triste, mas tudo bem. Você foi especial, com seu jeito, seu toque, seu olhar e alias tenho que te dizer também, seu perfume é ótimo. Pensei que fosse ser uma coisa passageira, eu acho que eu não consigo entender isso, essa confusão me deixa extremamente louco. Olho pra você, deitada contra o meu peito, com o sorriso estampado no rosto enquanto você dorme. Seu rosto que só é iluminado pela luz da minha pequena TV, que reprisa pela terceira vez a luta de UFC que ocorreu na semana passada.

Queria aproveitar esse momento, para dizer que essa minha camisa social, fica ótima em você. É sério, deve combinar com os detalhes do seu brinco. Não só minha camisa, minha gravata toda desgrenhada ficou linda em você. Os seus braços me contornam, você então me aperta um pouco, como uma criança que pede uma proteção enquanto dorme, ou como uma menina que sente falta do seu ursinho de pelúcia enquanto sonha. Meu sorriso é incontrolável nessa hora.

Eu estou fixado em você, nos seus detalhes. Droga, eu odeio admitir isso mais eu não consigo para de admirar você. E você está simplesmente dormindo. Quero você assim, da forma que esta agora, sorrindo, em paz, serena comigo, serena com o mundo. Você parece estar gostando do carinho que meus dedos fazem na sua nuca. Seus cabelos massageiam minha mão, como se fosse a forma de agradecer por isso, como se não quisesse que eu parasse.

Mas os raios de sol começam a invadir minha janela, o dia está chegando, o que é um sinal de que você está indo. Eu vou me deixar levar pelo sono também, vou fechar meus olhos, e esperar que você bata a porta quando sair, talvez eu acorde com o barulho e saia correndo atrás de você, ou então, você me deixe algum sinal de vida por mensagem, alguma rede social ou então me mande um e-mail. Se existe uma certeza na minha vida, é que eu não queria te perder assim.

Se eu pudesse te convidaria para o café, é bom ter companhia quando se está acostumado a acordar sozinho. Levantaria mais cedo, prepararia o café e te traria na cama. Se eu pudesse, não teria te deixado ir, ou simplesmente não teria te deixado vir. Se pudesse eu não teria deixado aquela noite acabar como acabou. Agora você tem que ir viver sua vida e eu tenho que ajustar a minha, não que você tenha me bagunçado, mas você me ajudou muito a ver que eu preciso me conhecer mais. Eu só quero acordar em breve, com alguém do meu lado. Pois sinceramente, faça chuva ou faça sol, eu não nasci pra ficar acordando em busca desse alguém.

Por favor inverno, vá embora.
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autor_jorge

Um minuto do seu tempo, meu caro amigo.

Eu falei que eu voltava, não falei? Na verdade eu nunca deveria ter ido, acho que pra ser sincero eu sempre estive aqui, é que você não tinha reparado. E é por isso que eu resolvi aproveitar, que eu me encontrei por aqui novamente, resolvi escrever. Sei lá, não se sabe o dia de amanhã não é? Vai que eu resolvo me perder outra vez.
Pra ser sincero é fácil se perder, basta errar. E olha que a questão não é nem errar, é assumir os erros. Não é legal aceitar que você está errado, que você não fez as coisas corretamente. É literalmente “foda”, aceitar que perdeu.

Mas é assim mesmo, eu curto dar uma volta, alimentar outras pessoas, e ás vezes, quando duas pessoas se juntam eu costumo aparecer, ou até mesmo nascer dentro delas. Mas que bom que você se manteve como você é, um deslize aqui, um porre aqui, duas ou três lágrimas derramadas acolá, mas no fim o importante é que você se manteve em pé, com esse baita sorrisão na cara. Que beleza!

E quando disserem que você não passa realismo, ou que você não é alguém que parece ser. Não julgue, não surte, não repense. Essa pessoa que te criticou está querendo te ajudar, ela quer fazer você pensar na suas atitudes, e explodir de raiva pode simplesmente atropelar tudo isso sem que você entenda alguma coisa.

Eu gosto de sumir da sua vida, não nego, mas no fundo você me perdeu a um tempinho atrás, e de vez em quando, me encontra por ai, ou no corpo de alguém, ou no futebol da praia, ou no copo de cerveja. Assim como eu nunca sumo por inteira, você também vai sempre me encontrar por pedaços, vai me montar em partes.

Eu estive na sua frente de um jeito, você não quis, eu apareci de outra forma, você me acatou, pode ser que por dias, meses ou anos. Mas por enquanto eu vou ficar por aqui, e enquanto você merecer, eu vou me acomodar e prometo demorar bastante para sair.

Com carinho

Sua paz interior.

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A arte de saber piar…

Um passarinho pousou na minha janela esses dias. Veio cantar que certo dia, ficou com vergonha de si mesmo. Eu com meu “passarinhes” em nível intermediário respondi que ele não tinha motivos para ter vergonha de si. Ele era lindo, cantava relativamente bem e tinha tudo no lugar. Ele me disse que tinha vergonha do que ele queria piar, do que queria expressar, estava curtindo uma fêmea e estava com vergonha de piar isso para ela. Resumindo, estava diante de um pobre animal que estava com vergonha das coisas que ele nem mesmo fez. Eu sabia que queria ajudar, mas não tinha resposta.

Era como se ela tivesse sumido, como ajudar uma pessoa que tem como o maior inimigo dela, ela mesma. Pensei então em mandar ele voar, pelos campos e voltar pra me dizer o que via. Voltou e me disse que via um povo feliz, que vivia com pouco, que aproveitava o que tinha e que se mostrava orgulhoso do que havia criado, cultivado, plantado. Mandei voar agora para o centro da metrópole, pedi claro para que voasse baixo, não queria que nenhuma aeronave pilotada por algum cantor sertanejo matasse meu pobre amigo. Ele voltou e disse que tinha encontrado um povo feliz, que batalhava pelo que tinha e que mesmo mantinha o sorriso na cara. Perguntei se na terra dos pés vermelhos ou na da garoa ele tinha notado alguém com vergonha de si. Ele disse que não. Eles estão tão ocupados em viver, que parecem não ligar pra isso. Me debrucei na janela e apontei pro horizonte.

Consegue enxergar ali, perguntei. Ele balançou a cabeça negativamente.  Você acha que eles conseguem te enxergar, tornei a perguntar. Ele negou novamente. Foi então que respondi, com um pelo sorriso no rosto.
O mundo é de um tamanho tão grande, que nem que você viva duas vidas você vai conseguir conhecer ele inteiro, você nunca vai chorar e o mundo inteiro vai saber, nunca vai gargalhar e mundo todo vai rir com você. Enquanto você ri, em alguma casa uma criança dorme, na outra um senhor morre, uma mãe cozinha, um cachorro late. A vida é tão grande e tão cheia de pequenos detalhes, que a vergonha só aparece se você, deixar a cabeça tão vazia que pensará tanto em você, que você vai esquecer de pensar na vida.

Vergonha é uma coisa que você deveria deixar, trancado na sua gaveta de cuecas.
Quando voltei pro meu amigo, bom ele não estava lá. Na verdade a vergonha dele estava, debaixo de uma pequena pena amarela que tinha ficado na minha janela. Com a vergonha ali, foi fácil de ver aquele bichinho todo engraçadinho, piando seus amores para aquela fêmea com sorte.

É meu amigo, é o inverno, é a vida.
Pie sem vergonha de você.

autor_jorge

E se…

Aqui eu sou rei. Eu dito as regras, eu faço a ordem eu sou o que eu quiser, afinal de contas o jogo é meu, e ninguém me vence se eu não quiser. Aqui se as coisas não saem como eu planejo é simples, começo de novo, reinicio. Apago o que acabou de acontecer começo literalmente do zero, como bem entender. É estranho. É fácil demais.

Talvez seja por isso que eu não tiro meus olhos do meu iPhone, meu aplicativo é legal demais, é mais legal do que o negro com jeito de jogador de basquete que acabou de entrar no vagão. Ou a menina ruiva, parece a vocalista do Paramore, e está esperando alguém ligar, não parar de girar o celular entre as mãos, e olha fixamente para ele. Mas deixa eu voltar para o meu reino, é bem mais legal. Meu mundo é fácil de acontecer o que eu quero, é fácil eu não me surpreender.  Não é que eu não queira ser surpreendido, eu só não sei lidar tão bem com surpresas.

Mas por mais que meus cavaleiros e meus soldados pareçam focados em obedecer meus comandos, os meus comandos reais, eu não consigo dar. Ela parece tão graciosa, tão simples e tão bela sentada com as pernas juntas e a bolsa apoiada no colo, escuta seu fone de ouvido e olha para o teto do vagão como se buscasse algo. Provavelmente busca a letra da música que acabará de errar. Erra e sorri. Um sorriso lindo.

Lá estou, totalmente perdido, e olha que eu sou um exímio estrategista nesse meu jogo, adoro atacar com os arqueiros primeiro, eles acertam de longe, abrem a guarda do adversário e me deixam chegar com a infantaria. Vou tentar usar isso, vou ficar de longe, mas vou atacar, então eu olho e olho fixamente. Ela vai perceber que é pra ela, não tem como as pessoas sentem que estão sendo atacadas. Pelo menos meu aplicativo emite um barulho excelente quando estou sendo atacado.

Ela olhou, e me viu “atacando”. Agora eu estava sem saber pra onde correr, e segundo minha tática eu deveria chegar com as minhas tropas de corpo a corpo. Não consigo me mexer, estou congelado e não consigo fazer nada além de tentar mudar meu foco. Na verdade, abro um leve sorriso, sem graça, fico vermelho e não sei o que fazer. Ela repara, olha nos meu olhos, aquele olhar de graça, se franzi com a sua testa, ela me fulmina e olha para baixo. Balbucia algo enquanto muda de música, tira o cabelo da cara e balança a cabeça negativamente. Acabei de perder todas as minhas tropas, ataquei, e pensei que não seria atacado.  Pois fui. Atacado e atropelado.

Me recolho acho que vai ser melhor assim, não sou fã de derrotas, mas as vezes tenho que aceitar,  quando estou me tirando para o meu reino digital, olho uma última vez, olho por baixo, como se ao invés de atacar com flechas, dessa vez atacasse com rosas ou tulipas. Vou com a guarda baixa, e reparo que ela me olha, dessa vez, o sorriso sai dela, não tímido como o meu, mas de graça. Não me controlo e sorriu também. Recebo um sorriso mais largo, mas não muito longo. Ela se levanta, e o vagão para. Ela desce. Me olha rápido e se vai.

Eu então continuo no meu vagão, volto pro meu reino. Talvez a primeira menina que me repreendeu fosse boa de riso, e a menina que me sorriu fosse boa de bronca, talvez um dia conheça alguma, talvez não. Uma coisa eu sei, o vagão segue. E quem sabe um dia entre outro sorriso, ou outra franzida, quem sabe um dia eu ganhe um tchau, ou um telefone….quem sabe um dia ela volte. É por isso que jogos são fáceis, eu voltaria na parte em que eu começo errando.

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Viva, simples assim…

E eu desviaria de tudo que se jogasse na minha frente, poderia ser alto, baixo, gordo ou magro.
Sou assim e vou continuar sendo, e não adianta entrar no meu caminho, querendo simplesmente me atrapalhar. Não vai conseguir, eu vou dar uma meia-volta, olhar nos seus olhos, te ajudarei a levantar e vou sorrir. Eu tento ser sério, e tento me irritar, não consigo.

Desculpa mas não nasci pra carregar tristezas, nem mágoas ou desilusões. Não são minhas amigas favoritas, nunca foram. Gosto de misturar essas coisas com alguma bebida num sábado a noite. Rodeado de amigos de verdade, que vão falar mal do meu jogo pela faculdade, esculhambaram meu time de futebol, vão me pagar a próxima dose, vamos rir juntos. É muito melhor assim.
Esse sou eu, feliz em estar com o que estiveram, eu não tenho tempo para ser infeliz. Meus sonhos, meus objetivos tomam meu tempo de uma forma que eu não consigo explicar.

Viva meu querido, viver é tão bom que quando você começar a se deliciar com o que já viveu, talvez você se policie e veja que  as coisas aconteceram e deveriam acontecer. Não sofra pelo que passou, não foi o primeiro nem o último baque que você tomará da vida. Comece a sair dessas situações, quando você sorri pro mundo ele sorri pra você. E meu camarada, é um sorriso maravilhoso. O Sorriso mais maravilhoso do mundo.

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